Concurso Nacional de Leitura

2ªFase: Distrital do Porto

No passado dia 26 de Abril de 2011, as alunas do nosso Agrupamento do 3º Ciclo e Secundário, deslocaram-se à Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, para participarem na 2ª fase do Concurso Nacional de Leitura. Associámo-nos à escola EB Dr. Leonardo Coimbra e à escola  EB Manuel Faria de Sousa para representar o Concelho de Felgueiras.

Dia 23 de Abril de 2011

Dia Mundial do Livro
Eu sei que já passaram alguns dias...
Mas vale a pena sempre evocar:  O Livro.
O fim é o principio. Uma página que se vira.
Somos a tinta fresca em folha áspera
A capa dura. Aquilo que procura. Somos a História.
Desde sempre. O terramoto de 55 e a revolução de 1974.
Somos todos os nomes. As pessoas do Pessoa.
Alexandre Herculano e Ramalho Ortigão.
O mundo na mão.
Ponto de encontro. De quem pensa. De quem faz pensar.
Temos pele enrugada de acontecimento. As páginas são nossas.
E o pó que descansa na capa também.
Sabemos falar de guerra e paz, explicar a origem das espécies e dizer qual a causa das coisas.
Somos o que temos. A tradição e a vocação.
A atenção. A opinião. A história de dor e de Amor.
Somos o nome do escritor. A mão do leitor.
( in: Público, dia 23 de Abril de 2011, AnoXXII, nº7686)

Mensagem do Dia Internacional do Conto Infantil

O livro recorda
“Quando Arno e o seu pai chegaram à escola, as aulas já tinham começado.”
No meu país, a Estónia, quase toda a gente conhece esta frase de cor. É a primeira linha de um livro intitulado Primavera. Publicado em 1912, é da autoria do escritor estónio Oskar Luts (1887-1953).
Primavera narra a vida de crianças que frequentavam uma escola rural na Estónia, em finais do século XIX. O Autor escrevia sobre a sua própria infância e Arno, na verdade, era o próprio Oskar Luts na sua meninice.
Os investigadores estudam documentos antigos e, com base neles, escrevem livros de História. Os livros de História relatam eventos que aconteceram, mas é claro que esses livros nunca contam como eram de facto as vidas das pessoas comuns em certa época.
Os livros de histórias, por seu lado, recordam coisas que não é possível encontrar nos velhos documentos. Podem contar-nos, por exemplo, o que é que um rapaz como Arno pensava quando foi para a escola há cem anos, ou quais os sonhos das crianças dessa época, que medos tinham e o que as fazia felizes. O livro também recorda os pais dessas crianças, como queriam ser e que futuro desejavam para os seus filhos.
Claro que hoje podemos escrever livros sobre os velhos tempos, e esses livros são, muitas vezes, apaixonantes. Mas um escritor actual não pode realmente conhecer os sabores e os cheiros, os medos e as alegrias de um passado distante. O escritor de hoje já sabe o que aconteceu depois e o que o futuro reservava à gente de então.
O livro recorda o tempo em que foi escrito.
A partir dos livros de Charles Dickens, ficamos a saber como era realmente a vida de um rapazinho nas ruas de Londres, em meados do século XIX, no tempo de Oliver Twist. Através dos olhos de David Copperfield (coincidentes com o olhar de Dickens nessa época), vemos todo o tipo de personagens que ao tempo viviam na Inglaterra — que relações tinham, e como os seus pensamentos e sentimentos influenciaram tais relações. Porque David Copperfield era de facto, em muitos aspectos, o próprio Charles Dickens; Dickens não precisava de inventar nada, ele pura e simplesmente conhecia aquilo que contava.
São os livros que nos permitem saber o que realmente sentiam Tom Sawyer, Huckleberry Finn e o seu amigo Jim nas viagens pelo Mississippi em finais do século XIX, quando Mark Twain escreveu as suas aventuras. Ele conhecia profundamente o que as pessoas do seu tempo pensavam sobre as demais, porque ele próprio vivia entre elas. Era uma delas.
Nas obras literárias, os relatos mais verosímeis sobre gente do passado são os que foram escritos à época em que essa mesma gente vivia.
O livro recorda.
Aino Pervik (Tradução: José António Gomes)