Morre José Saramago (1922 - 2010)

Aos 87 anos, faleceu o único escritor portuguêsque ganhou o prémio Nobel de Literatura.
José Saramago, além de ganhar o prémio Nobel de Literatura (1998), é considerado responsável pelo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. Entre as suas maiores conquistas também está o Prémio Camões, o mais importante da literatura em Portugal.Em Saramago, essas dimensões de mestre do romance e de activista político e social se imbricavam sem que uma tolhesse ou recalcasse a outra. Foram sempre a expressão de uma personna criativa e combativa, rica de uma humanidade onde percebemos a sabedoria dos simples de coração, o humor, a luta dos deserdados, a crítica social e dos (hipócritas) costumes, a denúncia da cegueira de um mundo onde a morte inspira a política do capital, o alerta a respeito da alienação colectiva dos seres humanos, embrutecidos na malha da indústria cultural da incultura.
Na epígrafe de As Intermitência da Morte escreveu: "Sabemos cada vez menos o que é um ser humano". Este é o grande tema dos seus últimos livros? É que não há nada mais: o valor do ser humano, da vida humana, cada um por si e por todos. É a primeira coisa que há que respeitar, reconhecer e valorizar..
Reconheço que ao lado de Fernando Pessoa, e Eça de Queiroz, Miguel Torga, Vergílio Ferreira José Saramago elevou a língua portuguesa ao merecido lugar entre as grandes manifestações culturais da Humanidade ao receber, com grande mérito, o Nobel de Literatura de 1998, que como se sabe tem conotações muito politiquizadas.
Sem dúvida, o mais importante é salientar que Saramago fica para a posteridade essencialmente devido a razões literárias de renovação do género romanesco via um inusitado estilo de oralização da escrita, um reequacionamento do passado nacional pela óptica da nouvelle histoire (da "arraia-miúda" ) e uma capacidade de construção de poderosas alegorias distópicas. Social e ideologicamente, tais razões literárias transformam-se numa espécie de admoestações aos donos do poder acerca da podridão e da instabilidade das relações sociais de produção em que assenta o seu domínio.
Além da saudade, o escritor deixa um legado importante para literários, historiadores e fãs de suas obras. Entre tantas relíquias estão os romances “Terra do Pecado” (1947), “Manual de Pintura e Caligrafia” (1977), ” Levantado do Chão” (1980), “Memorial do Convento” (1982), “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (1984), “A Jangada de Pedra” (1986), “História do Cerco de Lisboa” (1989), “O evangelho Segundo Jesus Cristo” (1991), “Ensaio Sobre a Cegueira” (1995), “Todos os Nomes” (1997), “A Caverna” (2000), “O Homem Duplicado” (2002), Ensaio Sobre a Lucidez (2004), “As Intermitências da Morte” (2005) e “A Viagem do Elefante” (2008) e “Caim” (2009).

Poesia

O Amor

Amor é semear sem colher,

É esbanjar dinheiro e ser vagabundo,

É plantar sem receber,

É estar preso e correr o mundo…

É sofrer sem doer,

É um fundo profundo…

É um sofrer sem querer,

Que me leva até ao fim do mundo!

É o mal que mata e não se vê,

Que dói e não se sabe porquê…

Tiago Marinho

10º B

Amor é uma palavra curta, mas contém tudo:

Significa o corpo, a alma, a vida, todo o ser;

É um parar os golpes sem escudo,

É perder a vida sem morrer!

É não poder falar e não ser mudo;

É um crescer e viver sem nascer;

É no maior perigo estar seguro;

É um sofrer de tudo e não sofrer.

Mas sou um ser inacabado

Se não te tiver ao meu lado.

Micael Gonçalves

Luis Macedo

Ângela Oliveira

Andreia Ferreira

10ª B

Morreu José Saramago

É pela palavra que nos fazemos, que nos criamos, que nos salvamos. Não temos outra coisa.É que não temos outra coisa. Somos as palavras que utilizamos. A nossa vida é isso.
José Saramago, Público , 7 de Novembro de 2008.

10 de Junho

Luís Vaz de Camões representa o génio da Pátria, representa Portugal na sua dimensão mais resplandecente, gloriosa e mais sublime.
O feriado em sua honra celebra-se neste dia, data provável do falecimento daquele que é considerado o maior poeta de língua portuguesa e dos maiores da Humanidade, autor de "Lusíadas".
Dia das Comunidades, porque neste dia se homenageia cinco milhões de portugueses espalhados pelo Mundo. Até ao 25 de Abril de 1974, o 10 de Junho era conhecido como o Dia de Camões, de Portugal e da Raça, exaltando-se a originalidade do povo português face aos outros povos europeus.
(…)
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaramNovo reino, que tanto sublimaram.
(…)
Camões, Lusíadas, Canto I.
(…)
“Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta.” Camões, Os Lusíadas, Canto I, Est. 3

O Dia de Portugal é também o dia em que se tenta “dignificar, através da atribuição de determinados títulos e medalhas pelo Presidente da República, portugueses que se tenham distinguido em determinadas áreas, sem distinção da opção ideológica ou da opção religiosa.
É lastimável que Portugal se esteja a deixar adormecer quanto aos valores que estão na base da celebração deste dia.
Lembrar, hoje o dia 10 de Junho, faz, pois, todo o sentido, porque temos muito passado e muita História e cada vez menos memória e um dos grandes motivos é que o povo volte a saber quem é, não só por aquilo que foi, mas pelo que tem de voltar a ser – e não – olhar o ver o país a passar para o outro lado de si mesmo e, sobretudo, porque não podemos, sem nos demitirmos da nossa secular História.

Paz

De vez em quando,

procura um espaço de silêncio.

O barulho excessivo é prejudical.